Para começar, admitimos que nem todos pensam o mesmo sobre este assunto, mas, se fez uma pesquisa para tirar uma dúvida, o que procura é uma resposta simples que lhe resolva o problema. Aqui fica a nossa tentativa, com uma explicação breve da regra que adotámos na Livros sem Papel — com boas razões.
Primeiro a parte fácil: os demais não têm dúvidas, mas nós temos; demais a mais, a questão não é simples. No primeiro caso demais significa os outros, no segundo, demais a mais quer dizer além disso, de resto. O problema está em casos como «a Maria bebe de mais», ou será «demais» que ela bebe?
A regra que seguimos é a do Vocabulário da Língua Portuguesa de Rebelo Gonçalves, publicado em 1966. Segundo o Vocabulário, de mais com o sentido de demasiado escreve-se assim, separado, e opõe-se a de menos. Demais pegado tem os sentidos dos exemplos que demos acima, ou seja, em nenhum dos casos quer dizer demasiado. Era esta de resto a regra aplicada na Imprensa Nacional, em Lisboa, por influência pessoal do mesmo Rebelo Gonçalves.
E quanto a «é bom de mais», com pronúncia do Brasil? Não será «bom demais»? Como o que é de mais é de mais, achamos melhor manter a coerência e a simplicidade, e isso quer dizer que mesmo uma feijoada à brasileira é boa de mais, e não demais. Neste contexto, «boa de mais» é simplesmente uma aceção desta expressão que significa excelente, e não implica que uma feijoada possa algum dia ser demasiado boa.
Em resumo:
Estudar português nunca é de mais. Será que os demais pensam como nós? Se não pensarem, que nos deem a sua opinião. Estamos abertos a ela.
🙂